Quarta-feira, 27 de Maio de 2009

Um novo capítulo da guerra mediática na Venezuela

"Burgueses, pitiyanquis, estão a brincar com o fogo, manipulando, incitando ao ódio, eu só lhes digo que isso vai acabar; uma coisa é a crítica e outra é a conspiração ". Sem eufemismos, e marcando o ritmo e os tempos para instalar debates nacionais, desde que Hugo Chávez tornou a arremeter contra os meios de comunicação privados em geral e a Globovisión em particular, regressou aos primeiros planos a "guerra mediática" venezuelana, entre os meios opositores -promotores do golpe de 2002- e o povo que impulsiona o processo revolucionário.

A poucos dias de cumprir dois anos da não renovação da concessão ao canal opositor RCTV, a mira está agora posta sobra a Globovisión, principal porta-voz da oligarquia nativa. Ao pontapé inicial de Chávez seguiu-se uma catadupa de declarações de funcionários do governo que vão no mesmo sentido. O Presidente apelou à população que não continue a tolerar o "terrorismo diário" que a Globovisión impulsiona e ordenou ao ministro das Obras Públicas e Habitação, Diosdado Cabello, que se encarregasse das investigações das denúncias de "manipulação e incitação ao ódio" contra este meio de comunicação. Cabello assegurou: "Vamos trabalhar para acabar com o latifúndio radioeléctrico”.

Na terça-feira passada, diversos movimentos sociais e meios comunitários acompanharam a Frente Nacional de Advogados Bolivarianos numa reclamação no Tribunal Supremo de Justiça para que se pronuncie sobre o recurso de constitucionalidade apresentado contra os directores da Globovisión por graves violações dos direitos humanos. A denúncia foi apresentada em 2004 e ainda não houve avanços na investigação.

As organizações pedem “o fim da impunidade com esta emissora, dedicada a distorcer os factos, à difamação e injúria constante contra o povo de forma reiterada, constante, sistemática e planificada com o único objectivo de causar desestabilização na população”. Segundo Julio Latan, porta-voz da FNAB, “na Globovisión violam-se direitos humanos e muitíssimas normas constitucionais, em especial aquelas relacionadas com a integridade psíquica e mental do povo, apologia do delito, propaganda de guerra e campanhas discriminatórias", e assegurou que o canal seja encerrado ou então "que passe para as mãos do povo ".

De facto, as organizações sociais reclamam a intervenção no canal, a remoção da sua direcção e a sua substituição por uma direcção provisória com participação dos movimentos populares e controlo social.

Por outro lado, as declarações de Guillermo Zuloaga, presidente da Globovisión (a quem acabam de inspeccionar uma vivenda onde havia 24 automóveis e carrinhas novas “suspeitos”), sintetizam o seu perfil ideológico: “Temos o nosso compromisso de defender os sagrados princípios e valores da democracia, da propriedade privada e sobretudo, a liberdade de expressão. Continuar a promover a consciência social, mas lutando conta o comunismo, que a única coisa que traz é a ruína ".


Perante esta mostra de falta de liberdade de expresão na Venezuela bolivariana, recuperam vigência as palavras do analista político Noam Chomsky acerca de que "se nos Estados Unidos algum meio de comunicação tivesse apoiada um golpe militar que derrubasse o governo, os proprietários e gestores teriam sido executados”. Está claro que se algo sobra na Venezuela é a liberdade de expressão.

A par do caso Globovisión, reabre-se na Venezuela, o debate sobre a actualidade as características que têm (e deveriam ter), também, os meios de comunicação estatais.

 

Retirado de Aporrea.org.

 

publicado por Alexandre Leite às 22:53
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