Citamos aqui um artigo de Miguel Urbano Rodrigues publicado em ODiario.Info sobre "a nova estratégia golpista dos EUA na América Latina". Podem ler o artigo completo no Odiário.Info.
Apresentamos aqui apenas as partes directamente relacionadas com a situação da Venezuela:
O sistema de poder imperial identifica como «ameaça» os governos da Venezuela Bolivariana e da Bolívia, que condenam o capitalismo, propondo como alternativa o socialismo. A Casa Branca teme que o Equador siga o mesmo rumo e não esconde a sua inquietação pela eleição no Uruguai, na Nicarágua, em El Salvador e no Paraguai de presidentes com programas anti-neoliberais (embora não os apliquem).
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O regresso da IV Frota a águas sul-americanas antecipou uma decisão que configura uma ameaça ostensiva aos países que tentam seguir uma politica soberana: a instalação na Colômbia de 7 bases militares norte-americanas.
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A ratificação pelo Congresso do Brasil da adesão da Venezuela ao Mercosul foi, entretanto, um rude golpe para os EUA.
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A nova estratégia golpista para o Hemisfério foi concebida precisamente para dar uma resposta global ao avanço das forças progressistas no Sul do Continente. O Departamento de Estado e o Pentágono chegaram à conclusão de que era urgente travar esse avanço.
Em Washington exclui-se por ora a intervenção militar directa em países que não se submetem. A repercussão internacional de uma iniciativa desse género seria desastrosa para a imagem dos EUA, tão desgastada pelas suas guerras asiáticas.
Mas seria uma ingenuidade crer que as bases norte-americanas na Colômbia não serão utilizadas para uma escalada de provocações contra a Venezuela e outros países da Região. Independentemente do reforço da intervenção contra as FARC, a heróica guerrilha-partido caluniada pelo imperialismo.
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Destruir por dentro o regime venezuelano seria, na opinião dos assessores de Obama, o objectivo principal. Hillary tem aliás multiplicado os ataques ao governo de Caracas, consciente de que a Venezuela bolivariana é hoje – como afirma o economista francês Remy Herrera – «uma das frentes anti-imperialistas mais dinâmicas do mundo»
Mas a Revolução Bolivariana atravessa uma fase difícil. A queda do preço do petróleo privou o governo de recursos financeiros que foram fundamentais na batalha contra o analfabetismo, no fornecimento de alimentos subsidiados às camadas mais pobres da população e para o êxito das misiones que tornaram possível, com a cooperação solidária de mais de 20.000 médicos cubanos, prestar assistência médica a milhões de venezuelanos que a ela não tinham acesso.
A enorme popularidade do presidente junto das massas e a adesão destas à condenação do capitalismo e ao projecto de transição para o socialismo como alternativa à hegemonia do imperialismo resultou sobretudo da humanização das condições de vida da grande maioria da população, afundada na miséria.
Os efeitos da crise mundial do capitalismo, ao manifestarem-se na Venezuela – nomeadamente através das cotações do petróleo e de uma inflação acelerada – afectaram, como era inevitável, toda a estratégia de desenvolvimento.
O Partido Socialista Unido da Venezuela – PSUV – não atingiu o objectivo. A sua fundação respondeu a uma necessidade histórica. Mas o PSUV foi criado à pressa, por decisão do Presidente, e estruturado de cima para baixo, com intervenção mínima das massas populares. Resultado: nasceu infestado de oportunistas. É significativo que o Partido Comunista da Venezuela e o Pátria para Todos, duas organizações revolucionárias que sempre apoiaram (e apoiam) Chávez não se tenham dissolvido e integrado no PSUV.
O chamado Socialismo do Século XXI pretende ser a ideologia que encaminhará a Revolução bolivariana para um socialismo original. Mas aqueles que identificam nele um «modelo» para a América Latina têm contribuído sobretudo para semear a confusão ideológica. Alguns dirigentes e quadros do PSUV mostram-se mais preocupados em criticar o marxismo do que em colaborar com o Presidente na desmontagem das engrenagens do Estado venezuelano que permanecem sob controlo da burguesia.
Contrariamente ao que muitos europeus crêem, a Venezuela continua a ser um país capitalista no qual as antigas elites conservam um grande poder económico que lhes garante a propriedade dos meios de produção (terras, indústrias, comércio, etc.), o controle parcial da actividade bancária e financeira, e dos meios de comunicação social.
É nesse contexto que uma oposição poderosa e cada vez mais arrogante desafia Hugo Chávez, consciente de que a sobrevivência da revolução bolivariana está indissoluvelmente ligada à pessoa do Presidente.
As esperanças dos EUA residem por isso mesmo num agravamento da situação económica do país que altere a correlação de forças existente.
Sondagens recentes revelaram que a popularidade de Chávez tem diminuído.
Não podendo intervir militarmente, Washington apoia nos bastidores todas as iniciativas da oposição que possam destabilizar o país, dividir o chavismo, semear dúvidas nas Forças Armadas e enfraquecer o poder do Presidente.
Não se deve – repito – subestimar o perigo representado pela paciente estratégia golpista da Administração norte-americana no tocante à Venezuela. Washington trata de favorecer ao máximo, e estimular através de provocações externas, o trabalho interno de sabotagem da Revolução bolivariana.
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O actual orçamento de defesa dos EUA, de 700.000 milhões de dólares é superior a todos os demais orçamentos militares do mundo somados.
Relativamente à América Latina, o compromisso de uma nova política é negado pela realidade. A nova estratégia intervencionista da Casa Branca para o Sul do Hemisfério é mais intervencionista e perigosa do que de George Bush.
Do Rio Grande à Patagónia os povos começam a tomar consciência dessa ameaça. Os alvos prioritários são a Venezuela bolivariana e a Bolívia. Grandes lutas contra o imperialismo estadounidense esboçam-se no horizonte.
Podem ler o artigo completo no Odiário.Info.
Informação
Agência Bolivariana de Notícias
Solidariedade Internacional
Tirem as Mãos da Venezuela (Brasil)
Manos Fuera de Venezuela (Espanha)
Pas Touche Au Venezuela (França)
Giù Le Mani Dal Venezuela (Itália)
Pas Touche Au Venezuela (Bélgica)
Häende weg von Venezuela (Suíça)
Hände weg von Venezuela (Alemanha)
Handut Irti Venezuelasta (Finlândia)
Hands off Venezuela Sverige (Suécia)
Manos Fuera de Venezuela (Argentina)
Manos Fuera de Venezuela (México)